sábado, 24 de abril de 2010

Escravos da imagem I

“Os sãos não precisam de médico, e sim os doentes” Jesus Cristo.

Aparências podem afastar ou atrair pessoas. Aparências poderosas atraem quantidade e afastam qualidade. Aparências simples afastam quantidade e atraem qualidade. Aparências rudes não atraem quantidade nem qualidade, se bem que desta um resquício, sinceridade.

No primeiro ano da faculdade, nosso ônibus foi parado por um tanque do exército e militares armados entraram... Ninguém puxou conversa com aqueles homens! Outro dia, viajando, nosso ônibus foi parado por uma força especial, não sei o nome, mas usam o mesmo símbolo do BOPE. Entrou um homem fortemente armado em nosso ônibus, e embora conversássemos sua simples presença nos fez calar. Pobre da senhora que estava no sanitário e quando abriu a porta deu de cara com o policial! Pois é, esses homens ‘poderosos’ nos dão medo, afinal qualquer descuido e aquelas poderosas armas poderiam acabar conosco.

Já o contrário percebi quando em uma viagem, um presidiário sentou ao meu lado. Contou um pouco de sua vida e apresentou-me os ‘papeis’, ali dizia que estava preso por tráfico e assassinato, tinha sido liberado para visitar a família no dia das crianças. Ele também me contou a história de suas cicatrizes. Senti muito mais humanidade nele do que nos ‘homens da lei’. O mesmo quando sentei ao lado de um rapaz e depois de um tempo de conversa ele confessou: “Matei dois homens há quinze dias”. Pude sentir o lado humano neles! O primeiro iria visitar a família e este último, matou em defesa de um familiar. Não quero justificar ninguém, e nem dizer o que é certo e o que é errado. Apenas, que aqueles que desnudam sua alma e admitem suas debilidades são passíveis de ajuda. Os que por outro lado se fecham atrás de títulos e ‘armaduras’ são isolados de socorro. De modo algum estou falando dos militares, pois eles estavam cumprindo dignamente sua função e me fazem sentir seguro neste país. Mas falo que nós, meros humanos, precisamos despir-nos de nossas grandezas e fingimentos e parar de viver de fachadas! Enquanto a fachada estiver linda, o mutirão não se formará para reformar a casa que rui logo adiante.

Mas quem liga para isso? Vivemos na idiota sociedade do ‘tudo bem’ e como diz o Pr. Ed René, “o que significa ‘tudo bem? ’”. Esses dias passeando com meu amigo Pr. Guilherme Alexandre, encontramos alguns microfones a venda e nos interessou o fato que um, de reconhecida marca, estava em uma simples caixa e outro, de marca desconhecida em um invólucro luxuoso. Claro, quem tem conteúdo não está muito preocupado com a embalagem. Embalagens protegem o bom e vendem o ruim. As pessoas te compram por tua imagem ou tua imagem protege tua essência? Que possam me amar pelo que ‘sou’ e o que pareço me proteja do deixar de o ‘ser’. Porque se não mais o ‘for’, se dilui a essência da ‘existência’ e perco o ‘eu’.

Meu desejo é que retires a fachada, convoques o mutirão e que tua singela embalagem te preserve da cobiça e, por conseguinte dos assaltos.

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