segunda-feira, 9 de novembro de 2009

O Espírito no espírito



         Dentro do judaísmo vemos o valor grandessíssimo que se dava ao Templo. Toda a religiosidade do povo girava ao redor do templo. As orações eram feitas no templo ou na direção dele (1Rs 8.44-45). Os sacrifícios, os louvores... A religião do Antigo Testamento era completamente dependente do Templo.
         Quando em At 7.48 Estevão fala que “Entretanto, não habita o Altíssimo em casas feitas por mãos humanas;” os religiosos ficam escandalizados! Tão escandalizados que essa foi uma das principais declarações que levou ao apedrejamento de Estevão (At 7.57ss).
         Continuando no NT, 1Co 3.16-17 diz: “16Não sabeis que sois santuário de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? 17Se alguém destruir o santuário de Deus, Deus o destruirá; porque o santuário de Deus, que sois vós, é sagrado.”
         Nós somos o santuário de Deus! Jesus também referendou sobre isso quando conversava com a mulher adúltera (samaritana) em Jo 4.19-24.

19Senhor, disse-lhe a mulher, vejo que tu és profeta. 20Nossos pais adoravam neste monte; vós, entretanto, dizeis que em Jerusalém é o lugar onde se deve adorar. 21Disse-lhe Jesus: Mulher, podes crer-me que a hora vem, quando nem neste monte, nem em Jerusalém adorareis o Pai. 22Vós adorais o que não conheceis; nós adoramos o que conhecemos, porque a salvação vem dos judeus. 23Mas vem a hora e já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque são estes que o Pai procura para seus adoradores. 24Deus é espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade.

Qual era a relação entre o povo e o Templo? O Templo era o lugar de perdão[1]. Era lá que se oferecia o sacrifício para perdoar os pecados. Adoração implicava em pedido de perdão, logo, a mulher dizia algo do tipo: “Samaritanos pedem perdão nesse monte, vocês pedem perdão no Templo, qual o lugar certo de pedir perdão?”
E o que Jesus pensava a respeito do lugar de pedir perdão? Também era no Templo, mas num Templo diferente, o mesmo templo que Paulo falou em 1Co 3.16, nós! Isso, nós somos o santuário de Deus
Jesus, Estevão e tantos outros insistiam que agora, se vivia a fé de uma forma profundamente íntima. Que o relacionamento com Deus não se estabelecia mais através do tempo de Jerusalém, mas através do Espírito Santo de Deus se relacionando com o nosso espírito.
Isso não implica em dizer que então podemos viver a religião individualmente. Poderíamos dizer que a salvação é individual mas a vida de um salvo é necessariamente coletiva. O genuíno relacionamento com Deus acontece dentro de você, e esse relacionamento te leva a necessidade de uma vida comunitária. Como diz o lema da FLAM[2] “Cada Cristão como Cristo, cada Igreja como Trindade...”. Deus é um Deus comunitário, Ele em si mesmo já é uma comunidade, Pai, Filho e Espírito Santo.
Mas hoje nos deteremos a falar de nossa devoção pessoal. E esta, que se desenvolve no espírito. 1Ts 5.23 diz: “23O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e corpo sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo”.
Enquanto que nosso corpo e alma se dão na dimensão natural, nosso espírito é sobrenatural. Nosso corpo come, bebe, movimenta-se, interage com este mundo. Nossa alma também, ela aprende, amadurece, exercita-se. Nosso corpo e alma se relacionam com este mundo, uns com os outros. Nosso espírito se relaciona com o mundo espiritual. Sim, somos um ser em três parte e logo o espírito interage com as coisas naturais através da alma e do corpo, mas ele mesmo está na dimensão espiritual. Enquanto que um eletrodo enfiado no cérebro pode fazer você recordar de situações, músicas e até mesmo emoções, não existe nenhum equipamento que possa intervir em seu espírito.
Em êxodo 25.22, Deus manda Moisés construir o propiciatório, que ficava no Santo dos Santos dentro do Santuário. Quem olhava de fora para o Santuário, via duas repartições, uma coberta e outra descoberta, mas quem entrava no lugar Santo, percebia que ali existia uma cortina que reservava uma parte especial, o Santo dos Santos onde Deus falava.[3]
Nenhuma dessas partes pode existir individualmente. Não encontramos na Bíblia nenhum espírito humano desencarnado. Jesus nos deu o modelo de tudo, inclusive de ressurreição. E como ele ressuscitou? Completo! Com um corpo, glorificado sim, mas um corpo! Entretanto, a principal das partes que devemos zelar e proteger é o nosso espírito.
Muitos de nós vivemos preocupados com a saúde, e embora isso seja importante, na ressurreição teremos nosso corpo na melhor forma possível. Nos preocupamos muito com nossa alma e então nos informamos, fazemos cursos, conhecimento... Buscamos saciar corpo e alma com lazer, esportes, comidas gostosas... Mas e nosso espírito? Bem, este geralmente fica magérrimo e atrofiado em algum canto do nosso ser.
A parte mais importante do Novo Tabernáculo está cheia de teias de aranha. Você certamente já assistiu dribles no futebol que pensou consigo mesmo: “Isso é montagem”. Já olhou aqueles filmes de luta onde disse: “Isso só pode ser efeito especial”. Pois é, mas acontece que tem muitos desses dribles e golpes que parecem montagem e não são. Imagine agora que você descobriu que uma cena de um filme que sempre achou que era montagem não era e tenta fazê-la. O que acontecerá? Bem possivelmente vai se machucar.
Muitos de nós nos fechamos ao sobrenatural, pois ouvimos falar das coisas espirituais, e justamente por estarmos atrofiados, imaginamos ser impossível que tais coisas aconteçam. Quando eu digo que já corri 30Km as pessoas olha para mim e dizem que é mentira. Sim, porque hoje eu não conseguiria corrê-los novamente, porque estou fora de forma. Mas se eu voltar a treinar poderei correr. Entretanto, se hoje eu quiser provar que consigo e iniciar a corrida, provavelmente alguém vá me encontrar sentado no chão aos 15 km com terríveis dores nas pernas...
Muitas pessoas vivem anos sem experimentar nada do sobrenatural de Deus, estão com seus espíritos atrofiados e quando se abrem um pouco, acabam se machucando ainda mais porque querem logo correr uma maratona!
As Igrejas estão cheios de pessoas com espíritos mirrados. A parte mais importante de nosso ser tem sido esquecida. O que fazer então? Podemos começar orando. A oração é à base do relacionamento com Deus. Sem oração nosso espírito fica atrofiado. Talvez você tenha escutado testemunhos de pessoas que oram horas por dia e pese que jamais conseguirá isso. Bom, mas você não precisa comer orando uma hora. Pode começar orando um pouco e ir aumentando até atingir um patamar de intimidade com Deus que agrade a ambos.
Também a leitura da Bíblia é sobrenatural. Enquanto você a lê o Espírito de Deus trabalha no seu coração, mudando seus conceitos, lhe fazendo alguém melhor. Outro exercício espiritual é o jejum. Sabemos que nossa tendência durante o jejum é ficarmos um pouco mais tensos (até bravos)  e nosso corpo fica mais fraco. Então não é em sua essência um exercício para corpo e alma, embora os ajude. É um exercício espiritual. A oração em línguas também é uma maneira de edificação poderosa (1Co 14.4). O Apóstolo Paulo valorizava muito a oração em línguas (1Co 14.18). Paulo diz que orava em línguas mais do que todos daquela igreja, e olha que eles não oravam pouco! Entretanto, ele mostra a prioridade do uso desse dom no particular ou com interpretação.
Não é porque tem muita gente por ai fazendo coisa errada que iremos abrir mão do que e correto! A oração em línguas é sim uma grande bênção para a Igreja, senão o Paulo não perderia tempo orando horas em línguas! Os milagres acontecem sim! Marcos 16.16ss mostra que os sinais seguiriam os que cressem e nós somos esse povo que crê! Precisamos nos mover no sobrenatural! Precisamos exercitar nosso espírito! Senão vamos sobrecarregar o corpo e a alma de prazeres e feitos e jamais nos saciaremos, porque quem está faminto é o espírito, e o espírito só é saciado em um relacionamento com Deus.
Verdade é que muitos exercitam seus espíritos se envolvendo com Satanás, mas todo “crescimento” com o diabo não passa de anabolizante e traz suas consequências.




[1] RAMOS, Ariovaldo. Conceito de Adoração como Perdão. In: <www.ariovaldoramos.com.br> acessado em novembro de 2009.
[2] Faculdade Latino Americana de Teologia Integral. In: <http://www.faculdadelatinoamericana.com.br> acessado em novembro de 2009.
[3] SUBIRÁ, Luciano. Dele vieram muitas ideias presentes nesse estudo. In.< http://orvalho.com> acessado em novembro de 2009.

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